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Todas as Glórias a Sri Guru e Sri Gauranga (Original Sem "correções")
Segundo Canto A Manifestação Cósmica
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Capítulo Quatro Verso 1 süta uväca Suta Goswami disse: Maharaja Parikshit, o filho de Uttara, depois de ouvir os discursos de Shukadeva Goswami, os quais eram todos sobre a verdade do eu, aplicou sua concentração fielmente sobre o Senhor Krishna. Iluminação de Srila Prabhupada: A palavra satim é muito significativa. Ela quer dizer "existente" e "casto". E ambos sentidos são perfeitamente aplicáveis no caso de Maharaja Parikshit. A aventura Védica inteira é para atrair a atenção de alguém inteiramente para os pés de lótus do Senhor Krishna sem nenhum desvio, como instruído no Bhagavad-gita (15.15). Felizmente Maharaja Parikshit já tinha sido atraído para o Senhor desde o próprio começo de seu corpo, no ventre de sua mãe. No ventre de sua mãe ele foi atacado pela bomba atômica brahmastra lançada por Asvatthama, porém pela graça do Senhor ele foi salvo de ser queimado pela arma ardente, e desde então o Rei continuamente concentrou sua mente sobre o Senhor Krishna, o que o fez perfeitamente casto no serviço devocional. Assim por seqüência natural ele era um devoto casto do Senhor, e quando ele ouviu mais ainda de Srila Shukadeva Goswami que deve-se adorar o Senhor somente e ninguém mais, mesmo embora cheio de todos desejos ou sem desejos, sua afeição natural por Krishna foi fortalecida. Nós já discutimos esses tópicos. Para se tornar um devoto puro do Senhor Krishna, duas coisas são muito essenciais, chamadas ter a chance de nascer na família de um devoto e ter as bênçãos de um mestre espiritual fidedigno. Pela graça do Senhor Krishna, Parikshit Maharaja teve ambas oportunidades. Ele nasceu na família de grandiosos devotos iguais os Pandavas, e justamente para continuar a dinastia dos Pandavas e mostrar-lhes favor especial, o Senhor especificamente salvou Maharaja Parikshit, que mais tarde, por arranjo do Senhor, foi amaldiçoado pelo menino de um brahmana e foi capaz de ter a associação de um mestre espiritual tal qual Shukadeva Goswami. No Chaitanya Charitamrita é dito que uma pessoa afortunada, pela misericórdia do mestre espiritual e Senhor Krishna, alcança o caminho do serviço devocional. Isso foi perfeitamente aplicável no caso de Maharaja Parikshit. Pelo modo de ter nascido numa família de devotos, ele automaticamente entrou em contato com Krishna, e depois de ficar tanto em contato ele constantemente se lembrava Dele. Conseqüentemente o Senhor Krishna deu para o Rei uma chance maior ainda para desenvolvimento no serviço devocional por apresentá-lo para Shukadeva Goswami, um devoto poderoso do Senhor com conhecimento perfeito na auto-realização. E por ouvir de um mestre espiritual fidedigno, ele foi perfeitamente capaz de concentrar sua mente casta mais ainda sobre o Senhor Krishna, por rotina. Verso 2 ätma-jäyä-sutägära- Maharaja Parikshit, como um resultado de sua atração de todo o coração pelo Senhor Krishna, foi capaz de abandonar toda afeição profundamente enraizada por seu corpo pessoal, sua esposa, seus filhos, seu palácio, seus animais tais quais cavalos e elefantes, sua casa do tesouro, seus amigos e parentes, e seu reino indisputável. Iluminação de Srila Prabhupada: Tornar-se liberado quer dizer se tornar livre de dehatma-buddhi, o apego ilusório por coberturas corpóreas pessoais e tudo conectado com o corpo, a saber, esposa, filhos e todos outros enredamentos. Alguém seleciona uma esposa para confortos corpóreos, e o resultado é filhos. Para esposa e filhos alguém requer um local de moradia, e dessa forma uma casa residencial também é necessária. Animais do tipo cavalos, elefantes, vacas e cães são todos animais domésticos, e um casado tem que mantê-los como parafernália doméstica. Na civilização moderna os cavalos e elefantes foram substituídos por carros e meios de transporte com cavalos de potência consideráveis. Para manter todos os assuntos domésticos, tem-se que incrementar o saldo bancário e ser cuidadoso com a casa do tesouro, e com o propósito de exibir a opulência dos recursos materiais, tem-se que manter boas relações com amigos e parentes, e também ficar muito cuidadoso sobre manter seu status quo. Isso se chama civilização material do apego material. Devoção para o Senhor Krishna significa negação de todos apegos materiais como detalhados acima. Pela graça do Senhor Krishna, Maharaja Parikshit foi agraciado com todas amenidades materiais e um reino indisputável no qual para desfrutar a posição de rei sem perturbação, porém pela graça do Senhor ele foi capaz de abandonar todas conexões com apego material. Essa é a posição de um devoto puro. Maharaja Parikshit, devido à sua afeição natural pelo Senhor Krishna como um devoto do Senhor, sempre executava seus deveres reais em nome do Senhor, e como um rei responsável do mundo ele sempre era cuidadoso para ver que a influência de Kali não entrasse em seu reino. Um devoto do Senhor nunca acha que sua parafernália doméstica é sua propriedade, porém rende tudo para o serviço do Senhor. Deste modo seres vivos sob o cuidado de um devoto obtêm a oportunidade para realização de Deus pelo gerenciamento de um devoto-mestre. Apego por parafernália doméstica e pelo Senhor Krishna não combinam bem. O apego de alguém é o caminho da escuridão, e o outro apego é o caminho da luz. Onde há luz, não existe nenhuma escuridão, e onde há escuridão não existe nenhuma luz. Porém um devoto experiente pode transformar tudo para o caminho da luz por uma atitude de serviço para o Senhor, e o melhor exemplo são os Pandavas. Maharaja Yudhisthira e chefes de família iguais a ele podem transformar tudo para luz por encaixar os ditos recursos materiais no serviço do Senhor, porém aquele que não é treinado ou é incapaz de transformar tudo no serviço do Senhor (nirbandhah krsna-sambandhe) deve abandonar todas conexões materiais antes que ele possa se adequar para ouvir e cantar as glórias do Senhor, ou em outras palavras, aquele que ouviu Srimad Bhagavatam até mesmo por um dia, igual Maharaja Parikshit, de uma personalidade autêntica igual Shukadeva Goswami, pode ser capaz de perder toda afinidade por coisas materiais. Não tem nenhuma utilidade simplesmente em imitar Maharaja Parikshit e ouvir Bhagavatam de pessoas profissionais, mesmo por setecentos anos. Usar o Srimad Bhagavatam como um meio de manter as despesas da família é o tipo mais grosseiro de ofensa namaparadha aos pés de lótus do Senhor (sarva-subha-kriya-samyam api pramadah). Versos 3 e 4 papraccha cemam evärthaà saàsthäà vijïäya sannyasya Ó grandes sábios, a grande alma Maharaja Parikshit, constantemente extasiado e sabia bem sobre sua morte iminente, renunciou todos tipos de atividades lucrativas, a saber, religião, desenvolvimento econômico, e prazer sensual, e assim se fixou firmemente em seu amor natural por Krishna e fez todas essas perguntas, exatamente igual vocês me perguntam. Iluminação de Srila Prabhupada: As três atividades da religião, desenvolvimento econômico e prazer sensual são geralmente atraentes para almas condicionadas que lutam arduamente pela existência no mundo material. Tais atividades reguladas prescritas nos Vedas são chamadas conceito de vida karma-kandiya, e é recomendado para os chefes de família para seguir as regras justamente para desfrutar prosperidade tanto nesta vida quanto na próxima. A maioria das pessoas está atraída por essas atividades. Mesmo nas atividades de sua civilização moderna sem Deus, pessoas estão mais preocupadas com desenvolvimento econômico e prazer sensual sem quaisquer sentimentos religiosos. Como um grande imperador do mundo, Maharaja Parikshit observou essas regulações da seção karma-kandiya Védica, porém com sua mínima associação com Shukadeva Goswami ele pôde entender perfeitamente que o Senhor Krishna, a Personalidade de Deus Absoluta (Vasudeva), por quem ele tinha um amor natural desde seu nascimento, é tudo, e assim ele fixou sua mente firmemente Nele, e renunciou todos modos de atividades karma-kandiya Védicas. Esse estágio de perfeição é alcançado por um jñani depois de muitos, muitos nascimentos. Os jñanis, ou filósofos empíricos que se empenham por liberação, são milhares de vezes melhores do que os trabalhadores lucrativos, e de centenas de milhares desses jñanis um é liberado de fato. E entre centenas de milhares dessas pessoas liberadas, mesmo uma pessoa é raramente encontrada a qual pode fixar sua mente firmemente nos pés de lótus do Senhor Sri Krishna, como declarado pelo Senhor em Pessoa no Bhagavad-gita (7.19). Maharaja Parikshit é especialmente qualificado com a palavra maha-manah, a qual o põe num nível igual com os mahatmas descritos no Bhagavad-gita. Na era anterior também pode ter existido muitos mahatmas desse tipo, e eles também abandonaram todos conceitos de vida karma-kandiya para única e totalmente depender da Suprema Personalidade de Deus Krishna. O Senhor Chaitanya, quem é o próprio Senhor Krishna Ele mesmo, nos ensinou no Seu Shikshashtaka (8): aslisya va pada-ratam pinastu mam adarsanan marma-hatam-hatam karotu va yatha tatha va vidadhatu lampato mat-prana-nathas tu sa eva naparah "O Senhor Krishna, que é o amante de muitas devotas (mulheres), pode abraçar este servente plenamente rendido ou pode me pisotear com Seus pés, ou Ele pode me deixar com coração partido por não estar presente diante de mim por uma longa duração de tempo, porém mesmo assim Ele é nada mais do que o Senhor Absoluto do meu coração". Srila Rupa Goswami falou assim: viracaya mayi daëòaà déna-bandho dayäà vä "Ó Senhor do pobre, faça o que quiser comigo, dê-me ou misericórdia ou punição, mas neste mundo não tenho ninguém a quem recorrer exceto Vossa Divindade. O pássaro cataka roga pela nuvem, embora ela despeje chuvas ou atire um raio". Srila Madhavendra Puri, o grande mestre espiritual do Senhor Chaitanya, deixou todas obrigações de karma-kandiya nas seguintes palavras: sandhyä-vandana bhadram astu bhavato bhoù snäna
tubhyaà namo "Ó minha oração da noite, tudo de bom para você. Ó meu banho matinal, eu me despeço de você. Ó semideuses e antepassados, por favor me desculpem. Eu estou incapaz de desempenhar mais nenhuma oferenda para o seu prazer. Agora eu decidi me libertar de todas reações de pecados por simplesmente lembrar em toda parte e qualquer lugar o grande descendente de Yadu e o grande inimigo de Kamsa (Senhor Krishna). Eu acho que isso é suficiente para mim. Por isso qual o uso de mais esforços"? Srila Madhavendra Puri disse ainda mais: mugdhaà mäà nigadantu néti-nipuëä bhräntaà muhur
vaidikä Deixe o moralista astuto me acusar de estar iludido; eu não me importo. Peritos nas atividades Védicas podem me caluniar por estar desviado, amigos e parentes podem me chamar de frustrado, meus irmãos podem me chamar de idiota, mamonistas podem me apontar como louco, e filósofos eruditos podem afirmar que sou muito orgulhoso; mesmo assim minha mente não se move um centímetro da determinação para servir os pés de lótus de Govinda, embora eu seja incapaz para fazer isso". E Prahlada Maharaja também disse: dharmärtha-käma iti yo 'bhihitas trivarga "Religião, desenvolvimento econômico e prazer sensual são célebres como três meios de alcance do caminho da salvação. Desses, iksa trayi especialmente, isto é, conhecimento do eu, conhecimento de atos lucrativos e lógica e também política e economia, são diferentes meios de subsistência. Todos esses são diferentes assuntos da educação Védica, e por isso eu os considero ocupações temporárias. Por outro lado render-se ao Supremo Senhor Vishnu é um ganho de fato na vida, e eu considero isso a verdade última" (Bhag. 7.6.26). O assunto todo é concluído no Bhagavad-gita (2.41) como vyavasayatmika buddhih, ou o caminho absoluto da perfeição. Sri Baladeva Vidyabhushana, um grande Vaishnava erudito, define esse bhagavad-arcana-rupaika-niskama-karmabhir visuddha-cittah - aceitação do serviço amoroso transcendental para o Senhor como o dever primordial, livre de reação lucrativa. Assim Maharaja Parikshit estava perfeitamente certo quando aceitou firmemente os pés de lótus do Senhor Krishna, com a renúncia de todos conceitos da vida karma-kandiya. Verso 5 räjoväca Maharaja Parikshit disse: Ó brahmana versado, você sabe tudo porque você é sem contaminação material. Por isso qualquer coisa que você falou para mim parece perfeitamente certa. Suas palestras gradualmente destroem a escuridão da minha ignorância, porque você narra os tópicos do Senhor. Iluminação de Srila Prabhupada: A experiência prática de Maharaja Parikshit é revelada aqui, por revelar que tópicos transcendentais do Senhor agem igual injeções quando recebidas pelo devoto sincero de uma pessoa que é perfeitamente não contaminada por manchas materiais. Em outras palavras, recepção de mensagens do Srimad Bhagavatam de pessoas profissionais, ouvida por uma audiência karma-kandiya, nunca age milagrosamente como afirmado aqui. Audição devocional das mensagens do Senhor não é igual ouvir tópicos ordinários; por isso a ação será sentida pelo ouvinte sincero por experimentar o desaparecimento gradual da ignorância. yasya deve parä bhaktir (Çvetäçvatara Upaniñad 6.23) Quando é dada a uma pessoa faminta comida para comer, ela sente saciedade da fome e o prazer de jantar simultaneamente. Assim não tem que perguntar se ela foi realmente alimentada ou não. O teste crucial de ouvir o Srimad Bhagavatam é que deve-se obter iluminação positiva por um ato desse. Verso 6 bhüya eva vivitsämi Eu imploro para saber de você como a Personalidade de Deus, por Suas energias pessoais, cria esses universos fenomenais como eles são, os quais são inconcebíveis mesmo para os grandes semideuses. Iluminação de Srila Prabhupada: Em cada mente inquisitiva a questão importante da criação do mundo fenomenal surge, e por isso para uma personalidade igual Maharaja Parikshit, que estava para saber todas as atividades do Senhor de seu mestre espiritual, tal investigação não é incomum. Para qualquer coisa desconhecida, nós temos que aprender e perguntar de uma personalidade conhecedora. A questão da criação também é uma dessas perguntas a ser feita para a pessoa certa. O mestre espiritual, por isso, deve ser aquele que é sama jña, como afirmado aqui antes em conexão com Shukadeva Goswami. Assim todas perguntas sobre Deus que são desconhecidas para o discípulo podem ser feitas para o mestre espiritual qualificado, e aqui o exemplo prático é estabelecido por Maharaja Parikshit. Entretanto, já era sabido por Maharaja Parikshit sobre tudo que nós vemos nasce da energia do Senhor, como todos nós aprendemos no exato começo do Srimad Bhagavatam (janmady asya yatah (Bhag. 1.1.1)). Assim Maharaja Parikshit queria saber o processo da criação. A origem da criação era conhecida para ele; de outro modo ele não teria perguntado como a Personalidade de Deus, por Suas energias diferentes, cria este mundo fenomenal. A pessoa comum também sabe que a criação é feita por algum criador e não é criada automaticamente. Nós não temos nenhuma experiência no mundo prático que uma coisa é criada automaticamente. Pessoas idiotas dizem que a energia criativa é independente e age automaticamente, do mesmo modo que a energia elétrica funciona. Porém a pessoa inteligente sabe que mesmo a energia elétrica é gerada por um engenheiro especialista na usina de força localizada, e assim a energia é distribuída em toda parte sob a supervisão do engenheiro residente. A supervisão do Senhor em conexão com criação é mencionada mesmo no Bhagavad-gita (9.10), e é claramente dito que a energia material é uma dessas muitas energias do Supremo (parasya saktir vividhaiva sruyate (Cc. Madhya 13.65)). Um menino inexperiente pode ficar admirado ao ver ações impessoais de eletrônicos ou muitas outras coisas maravilhosas conduzidas pela energia elétrica, porém uma pessoa experiente sabe que atrás da ação tem uma pessoa viva que cria essa energia. Similarmente os assim chamados intelectuais e filósofos do mundo podem, por especulação mental, apresentar tantas teorias utópicas sobre a criação impessoal do universo, porém um devoto do Senhor inteligente, por estudar o Bhagavad-gita, pode saber que atrás da criação está a mão do Supremo Senhor, justamente igual numa usina geradora de energia elétrica existe o engenheiro residente. O pesquisador acadêmico encontra a causa e o efeito de tudo, porém pesquisadores acadêmicos tão grandiosos quanto Brahma, Shiva, Indra e muitos outros semideuses às vezes ficam desnorteados ao verem a energia criativa maravilhosa do Senhor, assim o que dizer sobre os insignificantes intelectuais mundanos que lidam com coisas insignificantes. Do mesmo modo como há diferenças nas condições de vida dos planetas diferentes do universo, e do mesmo modo como um planeta é superior a outro, os cérebros dos seres vivos nesses planetas respectivos também são de valores categóricos diferentes. Como está afirmado no Bhagavad-gita, pode-se comparar a longa duração de vida dos habitantes do planeta de Brahma, que é inconcebível para os habitantes deste planeta Terra, ao valor categórico do cérebro de Brahmaji, também inconcebível para qualquer grande cientista deste planeta. E com um poder cerebral tão poderoso assim, mesmo Brahmaji descreveu no seu grande samhita (Bs. 5.1) a seguir: éçvaraù paramaù kåñëaù "Existem muitas personalidades que possuem as qualidades de Bhagavan, porém Krishna é a suprema porque ninguém pode superá-Lo. Ele é a Pessoa Suprema, e Seu corpo é eterno, pleno de conhecimento e bem-aventurança. Ele é o Senhor primordial Govinda e a causa de todas causas". Brahmaji admite o Senhor Krishna como a causa suprema de todas causas. Porém pessoas com cérebros minúsculos dentro deste pequeno planeta Terra acham que o Senhor é uma delas. Assim quando o Senhor diz no Bhagavad-gita que Ele (Senhor Krishna) é tudo em tudo, os filósofos especuladores e os argumentadores mundanos O ridicularizam, e o Senhor diz lamentavelmente: avajänanti mäà müòhä "Idiotas Me ridicularizam quando Eu descendo em minha forma humana. Eles não conhecem Minha natureza transcendental e Meu domínio supremo sobre tudo que existe" (Bg. 9.11). Brahma e Shiva (e o que dizer de outros semideuses) são bhutas, semideuses poderosos criados os quais administram assuntos universais, bem parecido com ministros nomeados por um rei. Os ministros podem ser isvaras, ou controladores, porém o Supremo Senhor é mahesvara, ou o criador dos controladores. Pessoas com um pobre fundo de conhecimento não sabem disso, e por isso têm a audácia para ridicularizá-Lo porque Ele vem perante nós por Sua misericórdia sem causa ocasionalmente como um ser humano. O Senhor não é igual um ser humano. Ele é sac-cid-ananda-vigraha (Bs. 5.1), ou a Personalidade de Deus Absoluta, e não existe diferença entre Seu corpo e Sua alma. Ele é ambos o poder e o poderoso. Maharaja Parikshit não pediu ao seu mestre espiritual, Shukadeva Goswami, para narrar os passatempos do Senhor Krishna em Vrindavana; ele quis ouvir primeiro sobre a criação do Senhor. Shukadeva Goswami não disse que o Rei devia ouvir sobre os passatempos transcendentais diretos do Senhor. O tempo era bem curto, e naturalmente Shukadeva Goswami poderia ter ido diretamente para o Décimo Canto para fazer um atalho para tudo, como é feito geralmente pelos recitadores profissionais. Porém nem o Rei nem o grande orador do Srimad Bhagavatam pularam igual os organizadores do Bhagavatam; ambos procederam sistematicamente, para que ambos futuros leitores e ouvintes possam tomar lições do exemplo do procedimento de recitar Srimad Bhagavatam. Aqueles que estão sob o controle da energia externa do Senhor, ou em outras palavras aqueles que estão no mundo material, devem primeiro de tudo conhecer como a energia externa do Senhor funciona sob a direção da Suprema Personalidade, e depois alguém pode tentar entrar dentro das atividades de Sua energia interna. Os mundanos são na maioria adoradores de Durga-devi, a energia externa de Krishna, porém eles não sabem que Durga-devi é apenas a energia sombra do Senhor. Por trás da exibição admirável dela das funções materiais está a direção do Senhor, como confirmado no Bhagavad-gita (9.10). O Brahma-samhita afirma que Durga-shakti trabalha sob a direção de Govinda, e sem a sanção Dele a poderosa Durga-shakti não pode nem mesmo mover uma folha de grama. Por isso o devoto neófito, em vez de pular imediatamente para a plataforma dos passatempos transcendentais apresentados pela energia interna do Senhor, deve aprender o quanto grandioso é o Supremo Senhor por inquirir sobre o processo de Sua energia criativa. No Chaitanya Charitamrita também, descrições da energia criativa e a mão do Senhor nela são explicadas, e o autor do Chaitanya Charitamrita alertou os devotos neófitos para seriamente ficarem em guarda contra a armadilha de negligenciar conhecimento sobre Krishna a respeito de o quanto grandioso Ele é. Somente quando alguém conhece a grandeza do Senhor Krishna que pode firmemente pôr sua fé inabalável Nele; de outra forma, igual a pessoa comum, mesmo os grandes líderes de pessoas confundirão o Senhor Krishna com um dos muitos semideuses, ou uma personalidade histórica, ou um mito apenas. Os passatempos transcendentais do Senhor em Vrindavana, ou mesmo em Dwaraka, são saboreáveis por pessoas que já se qualificaram nas técnicas espirituais avançadas, e a pessoa comum pode se capacitar para alcançar esse plano pelo processo gradual de serviço e perguntas, como veremos no comportamento de Maharaja Parikshit. Verso 7 yathä gopäyati vibhur Gentilmente descreva como o Supremo Senhor, que é todo-poderoso, ocupa Suas energias diferentes e expansões diferentes em manter e novamente encerrar o mundo fenomenal no espírito esportivo de um atleta. Iluminação de Srila Prabhupada: No Katha Upanishad (2.2.13) o Supremo Senhor é descrito como o líder eterno entre todos outros seres individuais eternos (nityo nityanam cetanas cetananam) e o único Supremo Senhor que mantém inumeráveis outros seres vivos (eko bahunam yo vidadhati kaman). Por isso todos seres vivos, tanto no estado condicionado quanto no estado liberado, são mantidos pelo Supremo Senhor Todo-poderoso. Essa manutenção é efetuada pelo Senhor através de Suas diferentes expansões do Eu e três energias principais, a saber, energias interna, externa e marginal. Os seres vivos são Suas energias marginais, e algumas delas, na confiança do Senhor, são confiadas com o trabalho de criação também, como é Brahma, Marichi etc., e os atos de criação são inspirados pelo Senhor para eles (tene brahma hrda). A energia externa (maya) também é impregnada com os jivas, ou almas condicionadas. A potência marginal incondicionada age no reino espiritual, e o Senhor, em Suas diferentes porções plenárias, as mantém em diferentes relações transcendentais exibidas no céu espiritual. Assim a Suprema Personalidade de Deus única Se manifesta em muitos (bahu syam), e assim todas diversidades estão dentro Dele, e Ele está em todas diversidades, embora Ele seja no entanto diferente de todas elas. Esse é o poder místico inconcebível do Senhor, e assim tudo é simultaneamente uno com e diferente Dele por Suas potências inconcebíveis (acintya-bhedabheda-tattva). Verso 8 nünaà bhagavato brahman Ó brahmana versado, as atividades transcendentais do Senhor são todas maravilhosas, e parecem inconcebíveis porque mesmo grandes esforços por muitos acadêmicos eruditos ainda assim provaram insuficientes para compreendê-las. Iluminação de Srila Prabhupada: Os atos do Supremo Senhor, na criação deste universo justamente, parecem inconcebivelmente maravilhosos. E existem inumeráveis universos, e todos eles agregados juntos são conhecidos como o mundo material criado. E esta parte da criação é apenas uma porção fracional da criação completa. O mundo material se situa como uma parte apenas (ekamsena sthito jagat (Bg. 10.42)). Por supor que o mundo material é uma amostra de uma parte de Sua energia, as três partes remanescentes consistem no vaikuntha jagat ou o mundo espiritual descrito no Bhagavad-gita como mad-dhama ou sanatana-dhama, ou o mundo eterno. Nós destacamos no verso prévio que Ele cria e novamente encerra a criação. Essa ação é aplicável somente no mundo material porque o outro, parte maior de Sua criação, a saber, mundo Vaikuntha, nunca é criado ou aniquilado, de outra forma o Vaikuntha-dhama não teria sido chamado eterno. O Senhor existe com dhama; Seus nome, qualidade, passatempos, associados e personalidade eternos são todos uma amostra de Suas diferentes energias e expansões. O Senhor é chamado anadi, ou não tem nenhum criador, e adi, ou a origem de tudo. Nós pensamos de nossa forma imperfeita que o Senhor também é criado, porém o Vedanta nos informa que Ele não é criado. Em vez disso, tudo mais é criado por Ele (narayanah paro 'vyaktat). Por isso, para a pessoa comum todas essas são matérias muito maravilhosas para consideração. Mesmo para grandes eruditos elas são inconcebíveis, e por isso tais eruditos apresentam teorias contraditórias uma com a outra. Mesmo para a parte insignificante de Sua criação, este universo particular, eles não têm informação completa o quanto longe este espaço limitado se estende, ou quantas muitas estrelas e planetas existem, ou as diferentes condições desses planetas inumeráveis. Cientistas modernos têm conhecimento insuficiente de tudo isso. Alguns deles declaram que existem um milhão de planetas espalhados por todo espaço. Numa notícia publicada por Moscou datada de 21/02/1960, a seguinte peça de conhecimento foi retransmitida: "O célebre professor de astronomia da Rússia Boris Vorontsov-Veliaminov disse que deve haver um número infinito de planetas dentro do universo habitados por seres dotados com razão. "Pode ser que vida similar a esta na Terra floresça nesses planetas. "Doutor em Química Nikolai Zhirov, na cobertura do problema da atmosfera em outros planetas, destacou que o organismo de um Marciano, por exemplo, poderia muito bem se adaptar para existência normal com uma temperatura corpórea baixa. "Ele disse ter sentido que a composição gasosa da atmosfera marciana era bem adequada para sustentar vida de seres os quais se adaptaram para ela". Essa adaptabilidade de um organismo para diferentes variedades de planetas é descrita no Brahma-samhita como vibhuti-bhinnam, isto é, cada e todo dos planetas inumeráveis dentro do universo é dotado com um tipo particular de atmosfera, e os seres vivos lá são mais avançados perfeitamente em ciência e psicologia por causa de uma atmosfera melhor. Vibhuti significa "poderes específicos", e bhinnam significa "variados". Cientistas que tentam explorar espaço sideral e tentam chegar a outros planetas por arranjos mecânicos devem saber com certeza que organismos adaptados para a atmosfera da Terra não podem existir nas atmosferas de outros planetas (Fácil Viagem a Outros Planetas - Easy Journey to Other Planets - [ver https://www.bvmlu.org/books/index.html]). Alguém tem que se preparar, por isso, para ser transferido para um planeta diferente depois de ser libertado do corpo presente, como está dito no Bhagavad-gita (9.25): yänti deva-vratä devän "Aqueles que adoram os semideuses nascerão entre os semideuses, aqueles que adoram fantasmas e espíritos nascerão entre esses seres, e aqueles que Me adoram viverão Comigo". A afirmação de Maharaja Parikshit sobre os trabalhos da energia criativa do Senhor revela que ele sabia tudo do processo da criação. Por que então ele fez essa pergunta para Shukadeva Goswami por essa informação? Maharaja Parikshit, porque era um grande imperador, um descendente dos Pandavas e um grande devoto do Senhor Krishna, era bem capaz para saber consideravelmente sobre a criação do mundo, porém todo esse conhecimento não era suficiente. Por isso ele disse que mesmo eruditos grandemente estudados falham em saber sobre isso, mesmo depois de um grande empenho. O Senhor é ilimitado, e Suas atividades também são insondáveis. Com uma fonte de conhecimento limitada e com sentidos imperfeitos, qualquer ser vivo, acima até o padrão de Brahmaji, o ser vivo perfeito mais elevado dentro do universo, nunca pode imaginar saber sobre o ilimitado. Nós podemos saber algo do ilimitado quando é explicado pelo ilimitado, como foi feito pelo Senhor Ele mesmo nas declarações exclusivas do Bhagavad-gita, e isso também pode ser conhecido até certo ponto de almas realizadas igual Shukadeva Goswami, que aprendeu de Vyasadeva, um discípulo de Narada, e assim o conhecimento perfeito pode descender pela corrente de sucessão discipular somente, e não por qualquer forma de conhecimento experimental, antigo ou moderno. Verso 9 yathä guëäàs tu prakåter A Suprema Personalidade de Deus é única, se Ele sozinho age com os modos da natureza material, ou simultaneamente expande em muitas formas, ou expande consecutivamente para dirigir os modos da natureza. Verso 10 vicikitsitam etan me Gentilmente esclareça todas essas questões duvidosas, porque você não é apenas vastamente versado nas literaturas Védicas e auto-realizado em transcendência, mas também é um grande devoto do Senhor e por isso tão bom quanto a Personalidade de Deus. Iluminação de Srila Prabhupada: No Brahma-samhita é dito que a Verdade Absoluta Suprema, Govinda, a Personalidade de Deus, embora único sem um segundo, é expandido infalivelmente por inumeráveis formas não diferentes uma da outra, e embora Ele seja a pessoa original, Ele é mesmo assim sempre jovem com energia juvenil permanente. Ele é muito difícil de conhecer simplesmente por aprender a ciência transcendental dos Vedas, porém Ele é facilmente realizável por Seus devotos puros. As expansões de diferentes formas do Senhor, desde Krishna para Baladeva para Sankarshana, de Sankarshana para Vasudeva, de Vasudeva para Aniruddha, de Aniruddha para Pradyumna e então novamente para o segundo Sankarshana e Dele para os purusavataras Narayana, e inumeráveis outras formas, que são comparadas ao fluir constante das ondas incontáveis de um rio, são todas únicas e a mesma. Elas são iguais a lâmpadas de igual potência que acendem de uma lâmpada para outra. Essa é a potência transcendental do Senhor. Os Vedas dizem que Ele é tão completo que mesmo embora a identidade completa inteira emana Dele, Ele ainda assim permanece o mesmo todo completo (purnasya purnam adaya purnam evavasisyate (Ishopanishad Invocação)). Dessa forma, não tem nenhuma validade num conceito material do Senhor produzido pelo especulador mental. Assim Ele permanece sempre um mistério para o intelectual mundano, mesmo se for altamente educado nas literaturas Védicas (vedesu durlabham adhurlabham atma-bhaktau (Bs. 5.33)). Por isso, o Senhor está além do limite do conceito para acadêmicos eruditos, filósofos ou cientistas mundanos. Ele é facilmente compreensível para o devoto puro porque o Senhor declara no Bhagavad-gita (18.54) que após superar o estágio do conhecimento, quando alguém é capaz de se dedicar no serviço devocional do Senhor, então somente assim alguém conhece a verdadeira natureza do Senhor. Não se pode ter nenhum conceito claro do Senhor ou Seu santo nome, forma, atributos, passatempos etc., a menos que alguém esteja dedicado no Seu serviço amoroso transcendental. A afirmação do Bhagavad-gita de que alguém precisa primeiro de tudo se render ao Senhor, por estar livre de todas outras ocupações, significa que deve-se tornar um devoto puro incondicional do Senhor. Somente então alguém pode conhecê-Lo pelo poder do serviço devocional. Maharaja Parikshit admitiu no verso prévio que o Senhor é inconcebível mesmo para os maiores acadêmicos eruditos. Por que então e novamente pediu para Shukadeva Goswami esclarecer seu conhecimento insuficiente sobre o Senhor? A razão é clara. Não apenas era Shukadeva Goswami vastamente versado nas literaturas Védicas, mas ele também era uma alma auto-realizada grandiosa e um devoto poderoso do Senhor. Um devoto poderoso do Senhor é, pela graça do Senhor, mais do que o próprio Senhor Ele mesmo. A Personalidade de Deus Sri Ramachandra tentou fazer uma ponte sobre o Oceano Índico para alcançar a ilha de Lanka, porém Sri Hanumanji, o devoto imaculado da Personalidade de Deus, pôde cruzar o oceano simplesmente por pular sobre ele. O Senhor é tão misericordioso com Seu devoto puro que Ele apresenta Seu devoto querido como mais poderoso do que Ele mesmo. O Senhor expressou que era incapaz de salvar Durvasa Muni, embora o Muni fosse tão poderoso que pôde alcançar o Senhor diretamente sob condições materiais. Porém Durvasa Muni foi salvo por Maharaja Ambarisha, um devoto do Senhor. Por isso, não somente um devoto do Senhor é mais poderoso do que o Senhor, mas também adorar um devoto é considerado mais eficiente do que adorar o Senhor diretamente (mad-bhakta-pujavhyadhika (Bhag. 11.19.21)). A conclusão é, por isso, que um devoto sério deve primeiro se aproximar de um mestre espiritual que não é apenas bem versado nas literaturas Védicas mas é também um grande devoto com realização de fato do Senhor e Suas energias diferentes. Sem a ajuda de um mestre espiritual devoto assim, ninguém pode fazer progresso na ciência transcendental do Senhor. E um mestre espiritual fidedigno igual Shukadeva Goswami não fala sobre o Senhor apenas na matéria de Suas potências internas, mas também explica como Ele Se associa com Suas potências externas. Os passatempos do Senhor na potência interna são exibidos em Suas atividades em Vrindavana, mas Seus trabalhos potenciais externos são dirigidos em Seus aspectos de Karanodakashayi Vishnu, Garbhodakashayi Vishnu e Kshirodakashayi Vishnu. Srila Visvanatha Chakravarti oferece este conselho para os Vaishnavas interessados quando ele diz que não devem ficar interessados em ouvir sobre as atividades do Senhor (tais quais rasa-lila), porém devem ser profundamente interessados em Seus passatempos em Seus aspectos dos purusavataras em conexão com srsti-tattva, funções criativas, por seguir os exemplos de Maharaja Parikshit, o discípulo ideal, e Shukadeva Goswami, o mestre espiritual ideal. Verso 11 süta uväca Suta Goswami disse: Quando Shukadeva Goswami foi assim solicitado pelo Rei para descrever a energia criativa da Personalidade de Deus, então ele sistematicamente lembrou o mestre dos sentidos (Sri Krishna), e para responder apropriadamente ele falou o seguinte. Iluminação de Srila Prabhupada: Os devotos do Senhor, enquanto dão palestras e descrevem os atributos transcendentais do Senhor, não pensam que podem fazer qualquer coisa independentemente. Eles pensam que podem falar somente o que são induzidos a falar pelo Supremo Senhor, o mestre dos sentidos. Os sentidos do ser individual não são sua propriedade; o devoto sabe que esses sentidos pertencem ao Supremo Senhor e que eles podem ser usados apropriadamente quando são empregados no serviço do Senhor. Os sentidos são instrumentos, e elementos são ingredientes, todos dotados pelo Senhor; por isso tudo o que um indivíduo pode fazer, falar, ver etc., está sob a direção do Senhor somente. O Bhagavad-gita (15.15) confirma isso: sarvasya caham hrdi sannivisto mattah smrtir jñanam apohanam ca. Ninguém é livre para agir livremente e independentemente, e assim, deve-se sempre procurar a permissão do Senhor para agir ou comer ou falar, e pelas bênçãos do Senhor tudo feito por um devoto está além dos princípios dos quatro defeitos típicos da alma condicionada. Verso 12 çré-çuka uväca Shukadeva Goswami disse: Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências à Suprema Personalidade de Deus quem, para a criação do mundo material, aceita os três modos da natureza. Ele é o todo completo que reside dentro do corpo de todos, e Seus caminhos são inconcebíveis. Iluminação de Srila Prabhupada: Este mundo material é uma manifestação dos três modos bondade, paixão e ignorância, e o Supremo Senhor, para a criação, manutenção e destruição do mundo material, aceita três formas predominantes como Brahma, Vishnu e Shankara (Shiva). Como Vishnu Ele entra em cada corpo criado materialmente. Como Garbhodakashayi Vishnu Ele entra em cada universo, e como Kshirodakashayi Vishnu Ele entra no corpo de todo ser vivo. O Senhor Sri Krishna, por ser a origem de todos visnu-tattvas, é chamado aqui de parah puman, ou Purushottama, como descrito no Bhagavad-gita (15.18). Ele é o todo completo. Os purusavataras são dessa forma Suas expansões plenárias. Bhakti-yoga é o único processo pelo qual alguém se torna competente para conhecê-Lo. Porque os filósofos empíricos e yogis místicos não podem conceber a Personalidade de Deus, Ele é chamado anupalaksya-vartmane, o Senhor do caminho inconcebível, ou bhakti-yoga. Verso 13 bhüyo namaù sad-våjina-cchide 'satäm asambhaväyäkhila-sattva-mürtaye puàsäà punaù päramahaàsya äçrame vyavasthitänäm anumågya-däçuñe Eu novamente ofereço minhas respeitosas reverências para a forma de existência completa e transcendência, quem é o libertador dos devotos piedosos de todos sofrimentos e o destruidor de mais avanços no temperamento ateísta dos demônios não devotos. Para os transcendentalistas que estão situados na perfeição espiritual mais elevada, Ele concede seus destinos específicos. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor Sri Krishna é a forma completa de toda existência, tanto material quanto espiritual. Akhila significa completo, ou aquilo que não é khila, inferior. Como está afirmado no Bhagavad-gita, existem dois tipos de natureza (prakrti), a saber, a natureza material e a natureza espiritual, ou as potências externa e interna do Senhor. A natureza material é chamada apara, ou inferior, e a natureza espiritual é chamada superior ou transcendental. Por isso a forma do Senhor não é da natureza material, inferior. Ele é transcendência completa. E Ele é murti, ou possui forma transcendental. As pessoas menos inteligentes, que não são cientes da Sua forma transcendental, O descrevem como Brahman impessoal. Porém Brahman é simplesmente os raios de Seu corpo transcendental (yasya prabha (Bs. 5.40)). Os devotos, que são cientes de Sua forma transcendental, prestam serviço para Ele; assim o Senhor também reciproca por Sua misericórdia sem causa e então liberta Seus devotos de todos sofrimentos. As pessoas piedosas que seguem os regulamentos dos Vedas também são queridas por Ele, e por isso as pessoas piedosas deste mundo também são protegidas por Ele. Os impiedosos e os não devotos são contra os princípios dos Vedas, e assim essas pessoas são sempre dificultadas para fazer avanços em suas atividades nefastas. Alguns deles, os quais são especialmente favorecidos pelo Senhor, são mortos por Ele pessoalmente, como nos casos de Ravana, Hiranyakashipu e Kamsa, e assim esses demônios obtêm salvação e assim são impedidos de fazer mais progresso em suas atividades demoníacas. Igual um pai bondoso, tanto em Seu favor sobre os devotos quanto em Sua punição dos demônios, Ele é sempre bondoso com todos porque Ele é a existência completa para toda existência individual. O estágio paramahamsa de existência é o estágio de perfeição mais elevado dos valores espirituais. De acordo com Srimati Kuntidevi, o Senhor é compreendido de fato somente pelos paramahamsas. Do mesmo modo que existe realização gradual da transcendência de Brahman para Paramatma localizado para a Personalidade de Deus, Purushottama, Senhor Krishna, similarmente existe promoção gradual da situação de alguém na vida espiritual de sannyasa. Kuticaka, bahudaka, parivrajakacarya e paramahamsa são estágios graduais progressivos na ordem de vida renunciada, sannyasa, e a Rainha Kuntidevi, a mãe dos Pandavas, falou sobre eles em suas preces para o Senhor Krishna (Canto Um, Capítulo Oito). Os paramahamsas são geralmente encontrados entre ambos os impersonalistas e os devotos, porém de acordo com o Srimad Bhagavatam (como afirmado claramente por Kuntidevi), bhakti-yoga puro é compreendido pelos paramahamsas, e Kuntidevi mencionou especialmente que o Senhor descende (paritranaya sadhunam (Bg. 4.8)) especialmente para premiar bhakti-yoga para os paramahamsas. Assim ultimamente os paramahamsas, no verdadeiro sentido do termo, são devotos imaculados do Senhor. Srila Jiva Goswami aceitou diretamente que o destino mais elevado é bhakti-yoga, pelo qual alguém aceita o serviço amoroso transcendental do Senhor. Aqueles que aceitam o caminho de bhakti-yoga são os paramahamsas de fato. Porque o Senhor é muito bondoso para todos, os impersonalistas, que aceitam bhakti como caminho para imergir na existência do Senhor em Seu brahmajyoti impessoal, também são premiados com seu destino desejado. Ele assegurou todos no Bhagavad-gita (4.11): ye yatha mam prapadyante. De acordo com Srila Visvanatha Chakravarti, existem duas classes de paramahamsas, chamadas os brahmanandis (impersonalistas) e os premanandis (devotos), e ambos são premiados com seus destinos desejados, embora os premanandis sejam mais afortunados do que os brahmanandis. Porém ambos os brahmanandis e os premanandis são transcendentalistas, e não têm nada a ver com a natureza material, inferior cheia das misérias existenciais da vida. Verso 14 namo namas te 'stv åñabhäya sätvatäà Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências para Ele o qual é o associado dos membros da dinastia Yadu e aquele que é sempre um problema para os não devotos. Ele é o desfrutador supremo de ambos os mundos material e espiritual, ainda assim Ele desfruta de sua própria morada no céu espiritual. Não existe ninguém igual a Ele porque Sua opulência transcendental é imensurável. Iluminação de Srila Prabhupada: Existem dois lados das manifestações transcendentais do Supremo Senhor, Sri Krishna. Para os devotos puros Ele é o companheiro constante, como é o caso Dele Se tornar um dos membros familiares da dinastia Yadu, ou Ele Se tornar o amigo de Arjuna, ou Ele Se tornar o vizinho associado dos habitantes de Vrindavana, como o filho de Nanda-Yashoda, o amigo de Sudama, Sridhama e Madhumangala, ou o amante das donzelas de Vrajabhumi, etc.. Isso é parte de Suas características pessoais. E pelo Seu aspecto impessoal Ele expande os raios do brahmajyoti, que é ilimitado e todo-penetrante. Parte desse brahmajyoti todo-penetrante, que é comparado aos raios solares, é coberto pela escuridão do mahat-tattva, e essa parte insignificante é conhecida como mundo material. Neste mundo material existem universos inumeráveis igual aquele que podemos ter experiência, e em cada um deles existem centenas de milhares de planetas iguais àquele que nós habitamos. Os mundanos estão mais ou menos cativados pela expansão ilimitada dos raios do Senhor, porém os devotos estão mais preocupados com Sua forma pessoal, da qual tudo emana (janmady asya yatah (Bhag. 1.1.1)). Da mesma forma que os raios do Sol estão concentrados no disco do Sol, o brahmajyoti está concentrado em Goloka Vrindavana, o planeta espiritual mais elevado no céu espiritual. O céu espiritual imensurável é cheio de planetas espirituais, chamados Vaikunthas, muito além do céu material. Os mundanos têm informação insuficiente até mesmo sobre o céu material, então o que eles podem pensar a respeito do céu espiritual? Por isso os mundanos estão sempre muito, muito longe Dele. Mesmo se no futuro eles forem capazes de manufaturar alguma máquina cuja velocidade possa ser acelerada para a velocidade do vento ou mente, os mundanos ainda assim serão incapazes de imaginar atingir os planetas no céu espiritual. Assim o Senhor em Sua morada residencial sempre permanecerá um mito ou um problema misterioso, porém para os devotos o Senhor estará sempre disponível como um associado. No céu espiritual Sua opulência é imensurável. O Senhor reside em todos planetas espirituais, os inumeráveis planetas Vaikuntha, por expandir Suas porções plenárias junto com Seus devotos liberados associados, porém os impersonalistas que querem imergir na existência do Senhor recebem permissão para imergir como uma das fagulhas espirituais do brahmajyoti. Eles não têm qualificações para se tornarem associados do Senhor nem nos planetas Vaikuntha ou no planeta supremo, Goloka Vrindavana, descrito no Bhagavad-gita como mad-dhama e aqui neste verso como sva-dhama do Senhor. Esse mad-dhama ou sva-dhama é descrito no Bhagavad-gita (15.6) a seguir: na tad bhäsayate süryo O sva-dhama do Senhor não requer nenhuma luz solar ou lunar ou eletricidade para iluminação. Esse dhama, ou lugar, é supremo, e quem quer que vai para lá nunca mais vem de volta para este mundo material. Os planetas Vaikuntha e o planeta Goloka Vrindavana são todos auto-iluminados, e os raios espalhados por esses sva-dhama do Senhor constituem a existência do brahmajyoti. Como confirmado mais ainda nos Vedas tais quais o Mundaka (2.2.10), Katha (2.2.15) e Shwetashvatara Upanishads (6.14): na tatra süryo bhäti na candra-tärakaà No sva-dhama do Senhor não há necessidade de Sol, Lua ou estrelas para iluminação. Nem tem necessidade de eletricidade, o que dizer de lâmpadas incandescentes? Por outro lado, é porque esses planetas são auto-iluminados que toda refulgência se tornou possível, e tudo o que há de deslumbrante é devido ao reflexo de sva-dhama. Aquele que está ofuscado pela refulgência do brahmajyoti impessoal não pode conhecer a transcendência pessoal; por isso no Ishopanishad (15) roga-se que o Senhor remova Sua refulgência ofuscante para que o devoto possa ver a verdadeira realidade. É dito assim: hiraëmayena pätreëa "Ó Senhor, Você é o mantenedor de tudo, tanto material quanto espiritual, e tudo flui por Sua misericórdia. Seu serviço devocional, ou bhakti-yoga, é o verdadeiro princípio da religião, satya-dharma, e eu estou dedicado nesse serviço. Por favor me proteja gentilmente por me mostrar Sua face verdadeira. Por favor, assim, remova o véu dos raios do Seu brahmajyoti para que eu possa ver Sua forma de bem-aventurança e conhecimento eternos". Verso 15 yat-kértanaà yat-smaraëaà yad-ékñaëaà Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências para o todo-auspicioso Senhor Sri Krishna, sobre o qual glorificação, recordações, audiência, preces, ouvir e adorar podem imediatamente limpar os efeitos de todos pecados do executante. Iluminação de Srila Prabhupada: A forma sublime de realizações religiosas para livrar alguém de todas reações de pecados é sugerida aqui pela maior autoridade, Sri Shukadeva Goswami. Kirtanam, ou glorificar o Senhor, pode ser realizado em muitas e muitas formas, tais quais lembrar, visitar templos para ver a Deidade, oferecer preces em frente ao Senhor, e ouvir recitações da glorificação do Senhor como são mencionadas no Srimad Bhagavatam ou no Bhagavad-gita. Kirtanam pode ser realizado tanto por cantar as glórias do Senhor em acompanhamento por música melodiosa quanto pela recitação das escrituras tais quais Srimad Bhagavatam e Bhagavad-gita. Os grandes devotos não precisam ficar desapontados na ausência física do Senhor, embora possam pensar em não estar associado com Ele. O processo devocional de cantar, ouvir, lembrar etc., (tanto todos quanto alguns deles, ou mesmo um deles) pode nos dar o resultado desejado de associar com o Senhor por executar o serviço amoroso transcendental do Senhor da maneira acima. Mesmo o próprio som do santo nome do Senhor Krishna ou Rama pode imediatamente carregar a atmosfera espiritualmente. Nós devemos saber definitivamente que o Senhor está presente onde quer que esse serviço transcendental puro é executado, e assim o executante de kirtanam sem ofensas tem associação positiva com o Senhor. Similarmente, lembrança e preces também podem nos dar o resultado desejado se forem feitas apropriadamente sob guia experiente. Não se deve inventar formas de serviço devocional. Pode-se adorar a forma do Senhor num templo, ou pode-se oferecer impessoalmente preces devocionais para o Senhor numa mesquita ou uma igreja. Fica-se assegurado de se livrar das reações dos pecados desde que alguém seja muito cuidadoso sobre não cometer pecados de propósito na expectativa de se livrar das reações dos pecados por adorar no templo ou por oferecer preces na igreja. Essa mentalidade de cometer pecados de propósito no poder do serviço devocional se chama namno balad yasya hi papa-buddhi, e é a maior ofensa no desempenho do serviço devocional. Ouvir, por isso, é essencial com o propósito de manter-se estritamente em guarda contra tais armadilhas de pecados. E com o propósito de dar ênfase especial para o processo de ouvir, o Goswami invoca toda fortuna auspiciosa nessa matéria. Verso 16 vicakñaëä yac-caraëopasädanät Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências novamente e novamente para o todo-auspicioso Senhor Sri Krishna. Os intelectuais altamente elevados, simplesmente por se renderem para Seus pés de lótus, ficam aliviados de todos apegos para existências presente e futura e sem dificuldade progridem em direção da energia espiritual. Iluminação de Srila Prabhupada: O Senhor Sri Krishna repetidamente instruiu Arjuna, ou para essa matéria todos preocupados em se tornarem Seu devoto imaculado. Na última fase da Sua instrução no Bhagavad-gita (18.64-66) Ele instruiu mais confidencialmente a seguir: sarva-guhyatamaà bhüyaù man-manä bhava mad-bhakto sarva-dharmän parityajya "Meu querido Arjuna, você é muito querido por Mim, e por isso somente para seu bem Eu revelo a parte mais secreta das Minhas instruções. É simplesmente isto: torne-se um devoto puro de Mim e entregue-se para Mim somente, e Eu prometo a você existência espiritual plena, pela qual você pode ganhar o direito eterno do serviço amoroso transcendental para Mim. Justamente abandone todos outros caminhos de religiosidade e exclusivamente se renda para Mim e acredite que Eu o protegerei de todos seus atos pecaminosos, e eu o libertarei. Não se preocupe mais". Pessoas que são inteligentes prestam atenção seriamente nessa última instrução do Senhor. Conhecimento do eu é o primeiro passo na realização espiritual, que é chamado conhecimento confidencial, e um passo adiante é realização de Deus, e quando alguém alcança esse estágio de realização de Deus, naturalmente, voluntariamente se torna um devoto do Senhor para prestar a Ele serviço amoroso transcendental.. Esse serviço devocional para o Senhor é sempre baseado no amor de Deus e é distinto da natureza do serviço de rotina como prescrito em karma-yoga, jñana-yoga ou dhyana-yoga. No Bhagavad-gita existem instruções diferentes para tais pessoas de categorias diferentes, e há várias descrições para varnashrama-dharma, sannyasa-dharma, yati-dharma, a ordem de vida renunciada, controle dos sentidos, meditação, perfeição de poderes místicos etc., porém aquele que se rende plenamente para o Senhor para prestar serviço a Ele, por causa do amor espontâneo por Ele, assimila de fato a essência de todo conhecimento descrito nos Vedas. Aquele que adota esse método muito habilmente atinge perfeição de vida imediatamente. E essa perfeição da vida humana é chamada brahma-gati, ou a marcha progressiva na existência espiritual. Conforme enunciado por Srila Jiva Goswami com a base das garantias Védicas, brahma-gati significa obter uma forma espiritual tão boa quanto aquela do Senhor, e nessa forma o ser vivo liberado vive eternamente num dos planetas espirituais situados no céu espiritual. Alcance dessa perfeição de vida é facilmente disponível para um devoto puro do Senhor sem ele ter que se sujeitar a nenhum método difícil de perfeição. Uma vida devocional assim é cheia de kirtanam, smaranam, iksanam etc., como mencionado no verso prévio. Deve-se adotar por isso o caminho simples do serviço devocional com o propósito de alcançar a perfeição mais elevada disponível em qualquer categoria de forma humana de vida em qualquer parte do mundo. Quando o Senhor Brahma encontrou o Senhor Krishna como uma criança que brincava em Vrindavana, ele ofereceu sua prece na qual ele disse: çreyaù-såtià bhaktim udasya te vibho Bhakti-yoga é a qualidade de perfeição mais elevada para ser alcançada pela pessoa inteligente em vez de desempenhar uma grande quantidade de atividades espirituais. O exemplo citado aqui é muito apropriado. Um punhado de arroz de verdade é mais valioso do que montes de cascas de arroz sem nenhuma substância dentro. Similarmente, não se deve ficar atraído pelo malabarismo de karma-kanda ou jñana-kanda e mesmo execuções de ginástica do yoga, porém habilmente deve-se adotar as simples execuções de kirtanam, smaranam etc., sob um mestre espiritual fidedigno, e sem nenhuma dificuldade atingir a perfeição mais elevada. Verso 17 tapasvino däna-parä yaçasvino Deixe-me oferecer minhas respeitosas reverências para o todo-auspicioso Senhor Sri Krishna repetidamente porque os grandes sábios eruditos, os grandes realizadores de caridade, os grandes trabalhadores de distinção, os grandes filósofos e místicos, os grandes cantores dos hinos Védicos e os grandes seguidores dos princípios Védicos não podem obter nenhum resultado lucrativo sem dedicação de tais grandes qualidades para o serviço do Senhor. Iluminação de Srila Prabhupada: Avanço em aprendizado, uma disposição caridosa, liderança política, social ou religiosa da sociedade humana, especulações filosóficas, a prática do sistema de yoga, experiência em rituais Védicos, e todas altas qualidades similares na pessoa servem alguém no alcance da perfeição somente quando estão empregadas no serviço do Senhor. Sem esse encaixe, todas essas qualidades se tornam fontes de problema para pessoas em geral. Tudo pode ser utilizado tanto para seu próprio prazer sensual quanto no serviço de outro do que si mesmo. Existem dois tipos de auto-interesse também, a saber, egoísmo pessoal e egoísmo estendido. Porém não existe nenhuma diferença qualitativa entre egoísmos pessoal e estendido. Roubo por interesse pessoal ou para o interesse da família é da mesma qualidade - a saber, criminoso. Um ladrão que apela não ser culpado por ter cometido roubo não por interesse pessoal mas para o interesse da sociedade ou país nunca foi absolvido pela lei estabelecida de qualquer país. Pessoas em geral não têm conhecimento de que o auto-interesse de um ser vivo atinge perfeição somente quando um interesse coincide com o interesse do Senhor. Por exemplo, qual é o interesse de manter o corpo e alma juntos? Ganha-se dinheiro para a manutenção do próprio corpo (pessoal ou social), mas a menos que haja consciência de Deus, todos bons esforços para manter corpo e alma juntos são similares às tentativas dos animais para manterem corpo e alma juntos. O propósito de manter o corpo humano é diferente daquele dos animais. Similarmente, avanço em aprendizado, desenvolvimento econômico, pesquisa filosófica, estudo na literatura Védica ou mesmo execução de atividades piedosas (tais quais caridade, abertura de hospitais, e a distribuição de grãos alimentícios) devem ser feitas em relação com o Senhor. O objetivo desses atos e empenhos deve ser o prazer do Senhor e não a satisfação de nenhuma outra identidade, individual ou coletiva (samsiddhir hari-tosanam (Bhag. 1.2.13)). No Bhagavad-gita (9.27) o mesmo princípio é confirmado onde é dito que qualquer coisa que possamos dar em caridade e qualquer coisa que pudermos observar em austeridade devem ser dadas sobre o Senhor ou ser feito em Seu nome somente. Os líderes experientes de uma civilização humana sem Deus não podem produzir um resultado proveitoso em todas suas diferentes tentativas em avanço educacional ou desenvolvimento econômico a menos que sejam conscientes de Deus. E para ser consciente de Deus tem-se que ouvir sobre o Senhor todo-auspicioso, como Ele é descrito na literatura tal qual o Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam. Verso 18 kiräta-hüëändhra-pulinda-pulkaçä Kirata, Huna, Andhra, Pulinda, Pulkasha, Abhira, Shumbha, Yavana, membros das raças Khasa e mesmo outras apegadas a atos pecaminosos podem ser purificadas por se abrigarem nos devotos do Senhor, devido a Ele ser o poder supremo. Eu imploro para oferecer minhas respeitosas reverências a Ele. Iluminação de Srila Prabhupada: Kirata: Uma província da velha Bharata-varsha mencionada no Bhisma-parva do Mahabharata. Geralmente os Kiratas são conhecidos como as tribos aborígenes da Índia, e nos dias modernos a Santal Parganas em Bihar e Chota Nagpur podem compreender a velha província chamada Kirata. Huna: A área da Alemanha Oriental e parte da Rússia é conhecida como a província dos Hunas. De acordo, às vezes um tipo de tribo da montanha é conhecida como os Hunas. Andhra: Uma província no sul da Índia mencionada no Bhisma-parva do Mahabharata. Ainda existe com o mesmo nome. Pulinda: É mencionado no Mahabharata (Adi-parva 174.38), a saber, os habitantes da província de nome Pulinda. Esse país foi conquistado por Bhimasena e Sahadeva. Os gregos são conhecidos como Pulindas, e é mencionado no Vana-parva do Mahabharata que a raça não Védica dessa parte do mundo governaria o mundo. Essa província Pulinda também era uma das províncias de Bharata, e os habitantes eram classificados entre os reis ksatriya. Porém mais tarde, devido a abandonarem a cultura brahmana, foram mencionados como mlecchas (justamente igual aqueles que não são seguidores da cultura Islâmica são chamados kafirs e aqueles que não são seguidores da cultura Cristã são chamados pagãos). Abhira: Esse nome também apareceu no Mahabharata, tanto no Sabha-parva quanto Bhisma-parva. É mencionado que essa província está situada no Rio Sarasvati em Sind. A província Sind moderna antigamente estendia até o outro lado do Mar Arábico, e todos habitantes dessa província eram conhecidos como Abhiras. Eles estavam sob o domínio de Maharaja Yudhisthira, e de acordo com as afirmações de Markandeya os mlecchas dessa parte do mundo também governariam sobre Bharata. Mais tarde isso provou ser verdade, como no caso dos Pulindas. Em nome dos Pulindas, Alexandre o Grande conquistou a Índia, e em nome dos Abhiras, Muhammad Ghori conquistou a Índia. Esses Abhiras também eram ksatriyas antigamente dentro da cultura brahmana, porém eles abandonaram a conexão. Os ksatriyas que estavam com medo de Parashurama e se esconderam nas regiões montanhosas do Cáucaso mais tarde ficaram conhecidos como os Abhiras, e o lugar que habitavam ficou conhecido como Abhiradesha. Shumbhas ou Kankas: Os habitantes da província Kanka da velha Bharata, mencionada no Mahabharata. Yavanas: Yavana era o nome de um dos filhos de Maharaja Yayati que recebeu a parte do mundo conhecida como Turquia para governar. Por isso os turcos são Yavanas por serem descendentes de Maharaja Yavana. Assim os Yavanas eram ksatriyas, e mais tarde, por abandonarem a cultura brahmana, tornaram-se mleccha-yavanas. Descrições dos Yavanas estão no Mahabharata (Adi-parva 85.34). Outro príncipe chamado Turvasu também era conhecido como Yavana, e esse país foi conquistado por Sahadeva, um dos Pandavas. A Yavana ocidental se juntou a Duryodhana na Batalha de Kurukshetra sob a pressão de Karna. E também foi previsto que esses Yavanas conquistariam a Índia, e isso provou ser verdade. Khasa: Os habitantes de Khasadesha são mencionados no Mahabharata (Drona-parva). Aqueles que têm um crescimento atrofiado de pelos sobre o lábio superior geralmente são chamados Khasas. Assim, o Khasa são os mongóis, os chineses e outros que são assim designados. Os nomes históricos mencionados acima são diferentes nações do mundo. Mesmo aqueles que estão constantemente engajados em atos pecaminosos são todos corrigíveis para o padrão de seres humanos perfeitos caso se abriguem nos devotos do Senhor. Jesus Cristo e Muhammad, dois devotos poderosos do Senhor, fizeram serviço formidável em nome do Senhor na superfície do globo. E da versão de Srila Shukadeva Goswami parece que em vez de administrar uma civilização sem Deus no contexto presente da situação mundial, se a liderança dos assuntos do mundo for confiada para os devotos do Senhor, para qual uma organização mundial sob o nome e estilo da International Society for Krishna Consciousness já foi iniciada, e pela graça do Senhor Todo-poderoso pode haver uma mudança de coração completa nos seres humanos por todo o mundo porque os devotos do Senhor são autoridades capazes para tornar essa mudança efetiva por purificar as mentes desgastadas pela poeira das pessoas em geral. Os políticos do mundo podem continuar em suas posições respectivas porque os devotos puros do Senhor não estão interessados em liderança política ou implicações diplomáticas. Os devotos estão interessados apenas em ver que as pessoas em geral não sejam desviadas por propaganda política e em ver que a vida valiosa de um ser humano não seja desperdiçada em seguir um tipo de civilização que é ultimamente condenada. Se os políticos, dessa forma, forem guiados pelos bons conselhos dos devotos, então certamente haveria uma grande mudança na situação do mundo pela propaganda purificante dos devotos, como mostrado pelo Senhor Chaitanya. Do mesmo modo que Shukadeva Goswami começou sua prece por discutir a palavra yat-kirtanam, assim também o Senhor Chaitanya recomendou que simplesmente por glorificar o santo nome do Senhor, uma imensa mudança no coração pode acontecer pela qual o desentendimento completo entre as nações humanas criadas por políticos pode ser extinto imediatamente. E depois da extinção do fogo do desentendimento, outros proveitos seguirão. O destino é ir de volta ao lar, de volta ao Supremo, como nós já discutimos várias vezes nestas páginas. De acordo com o culto da devoção, geralmente conhecido como culto Vaishnava, não existe nenhum impedimento contra qualquer um que avança na matéria da realização de Deus. Um Vaishnava é poderoso o bastante para transformar em Vaishnava mesmo o Kirata etc., como mencionado acima. No Bhagavad-gita (9.32) é dito pelo Senhor que não há nenhum impedimento para se tornar um devoto do Senhor (mesmo para aqueles de nascimento baixo, ou mulheres, sudras ou vaisyas), a por se tornar um devoto todos são elegíveis para retornar ao lar, de volta ao Supremo. A única qualificação é que alguém aceite o abrigo de um devoto puro do Senhor que tem conhecimento minucioso da ciência transcendental de Krishna (Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam). Qualquer um de qualquer parte do mundo que se torna bem versado na ciência de Krishna se torna um devoto puro e um mestre espiritual para a massa geral de pessoas e pode recuperá-las pela purificação do coração. Mesmo se a pessoa for a pessoa mais pecaminosa, pode ser purificada pelo contato sistemático com um Vaishnava puro. Um Vaishnava, dessa forma, pode aceitar um discípulo fidedigno de qualquer parte do mundo sem nenhuma consideração de casta e credo e promovê-lo por princípios reguladores para o status de um Vaishnava puro que é transcendental para cultura brahmana. O sistema de casta, ou varnasrama-dharma, não é mais regular mesmo entre os assim chamados seguidores do sistema. Nem é possível agora restabelecer a função institucional no presente contexto da revolução social, política e econômica. Sem qualquer referência para o costume particular de um país, alguém pode ser aceito para o culto Vaishnava espiritualmente, e não existe nenhum obstáculo no processo transcendental. Dessa forma pela ordem do Senhor Sri Chaitanya Mahaprabhu, o culto do Srimad Bhagavatam ou o Bhagavad-gita podem ser pregados por todo o mundo, para resgatar todas pessoas desejosas de aceitar o culto transcendental. Essa propaganda cultural pelos devotos certamente será aceita por todas pessoas que são sensatas e inquisitivas, sem nenhum viés particular para o costume do país. O Vaishnava nunca aceita outro Vaishnava com base no direito de nascimento, justamente do mesmo modo que ele nunca pensa na Deidade do Senhor num templo como um ídolo. E para remover todas dúvidas nessa conexão, Srila Shukadeva Goswami invocou as bênçãos do Senhor, que é todo-poderoso (prabhavisnave namah). Da mesma forma que o Senhor todo-poderoso aceita o serviço humilde de Seu devoto nas atividades devocionais de arcana, Sua forma como a Deidade adorável no templo, similarmente o corpo de um Vaishnava puro muda transcendentalmente imediatamente quando ele se entrega para o serviço do Senhor e é treinado por um Vaishnava qualificado. A determinação da regulação Vaishnava nessa conexão funciona da seguinte forma: arcye visnau sila-dhir gurusu nara-matir vaisnave jati-buddhih sri visnor namni sabda-samanya-buddhih, etc.. "Não se deve considerar a Deidade do Senhor como adorada no templo como um ídolo, nem deve considerar o mestre espiritual autorizado como uma pessoa ordinária. Nem deve considerar um Vaishnava puro como pertencente a uma casta particular, etc." (Padma Purana). A conclusão é que o Senhor, por ser todo-poderoso, pode, sob qualquer e toda circunstância, aceitar qualquer um de qualquer parte do mundo, tanto pessoalmente quanto através de Sua manifestação fidedigna como o mestre espiritual. O Senhor Chaitanya aceitou muitos devotos de comunidades outras do que os varnasramites, e Ele Próprio declarou, para nos ensinar, que Ele não pertence a nenhuma casta ou ordem social de vida, porém Ele é o eterno servente do servente do Senhor que mantém as donzelas de Vrindavana (Senhor Krishna) (Cc. Madhya 13.80). Esse é o caminho da auto-realização. Verso 19 sa eña ätmätmavatäm adhéçvaras Ele é a Superalma e o Supremo Senhor de todas almas auto-realizadas. Ele é a personificação dos Vedas, escrituras religiosas e austeridades. Ele é adorado pelo Senhor Brahma e Shiva e todos aqueles que são transcendentais a todas pretensões. Assim reverenciado com admiração e veneração, que esse Supremo Absoluto fique satisfeito comigo. Iluminação de Srila Prabhupada: O Supremo Senhor, a Personalidade de Deus, embora o Senhor de todos seguidores de diferentes caminhos de auto-realização, é conhecível somente para aqueles que estão acima de todas pretensões. Todos procuram por paz eterna ou vida eterna, e com um alvo para esse destino todos ou estudam as escrituras Védicas ou outras escrituras religiosas ou se submetem a severa austeridade como filósofos empíricos, yogis místicos ou como devotos imaculados, etc.. Porém o Supremo Senhor é perfeitamente realizável somente pelos devotos porque eles estão acima de todas pretensões. Aqueles que estão no caminho da auto-realização são geralmente classificados como karmis, jñanis, yogis, ou devotos do Senhor. Os karmis, que são muito atraídos pelas atividades lucrativas dos rituais Védicos, são chamados bhukti-kami, ou aqueles que desejam desfrute material. Os jñanis, que tentam se tornar unos com o Supremo por especulação mental, são chamados mukti-kami, ou aqueles que desejam liberação da existência material. Os yogis místicos, que praticam diferentes tipos de austeridades para obtenção dos oito tipos de perfeição material e que ultimamente encontram a Superalma (Paramatma) em transe, são chamados siddhi-kami, ou aqueles que desejam a perfeição de se tornar mais fino que o mais fino, ficar mais pesado do que o mais pesado, obter tudo que deseja, ter controle sobre todos, criar tudo o que quiser, etc.. Todas essas são habilidades de um yogi poderoso. Porém os devotos do Senhor não querem nada desse tipo para satisfação pessoal. Eles só querem servir o Senhor porque o Senhor é grande e como seres vivos eles são eternamente partes e parcelas subordinadas do Senhor. Essa realização perfeita do eu pelo devoto o ajuda a se tornar sem desejo, e não desejar nada para seu eu pessoal, e por isso os devotos são chamados niskami, sem nenhum desejo. Um ser vivo, pela sua posição constitucional, não pode ficar vazio de todos desejos (o bhukti-kami, mukti-kami e siddhi-kami todos desejam algo para satisfação pessoal), porém os devotos do Senhor niskami desejam tudo para a satisfação do Senhor. Eles são completamente dependentes das ordens do Senhor e estão sempre prontos para cumprirem seu dever para a satisfação do Senhor. No começo Arjuna se colocou como um daqueles que desejam auto-satisfação, porque ele desejou não lutar na Batalha de Kurukshetra, porém para deixá-lo sem desejos o Senhor pregou o Bhagavad-gita, no qual os caminhos de karma-yoga, jñana-yoga, hatha-yoga e também bhakti-yoga foram explicados. Porque Arjuna era sem nenhuma pretensão, ele mudou sua decisão e satisfez o Senhor por concordar em lutar (karisye vacam tava) (Bg. 18.73), e assim se tornou sem desejo. Os exemplos de Brahma e Senhor Shiva são especificamente citados aqui porque Brahmaji, Senhor Shiva, Srimati Lakshmiji e os quatro Kumaras (Sanaka, Sanatana, etc.) são líderes das quatro sampradayas Vaishnava sem desejo. Todas elas são livres de todas pretensões. Srila Jiva Goswami interpreta a palavra gata-vyalikaih como projhita-kaitavaih, ou aqueles que estão livres de todas pretensões (somente os devotos imaculados). No Chaitanya Charitamrita (Madhya 19.149) está dito: kåñëa-bhakta—niñkäma, ata eva 'çänta' Aqueles que estão atrás de resultados lucrativos por suas atividades piedosas, aqueles que desejam salvação e identidade com o Supremo, e aqueles que desejam perfeições materiais do poder místico são todos inquietos porque querem algo para si próprios, porém o devoto é completamente pacífico porque não tem demanda para si mesmo e está sempre pronto para servir o desejo do Senhor. A conclusão é, dessa forma, que o Senhor é para todos porque ninguém pode obter o resultado de seus desejos respectivos sem Sua sanção, porém como está afirmado pelo Senhor no Bhagavad-gita (8.9), todos esses resultados são concedidos por Ele unicamente, porque o Senhor é adhisvara (o controlador original) de todos, a saber, os Vedantistas, os grandes karma-kandiyas, os grandes líderes religiosos, os grandes executores de austeridade e todos que se empenham para avanço espiritual. Porém ultimamente Ele é realizado pelos devotos sem pretensões somente. Por isso ênfase especial é dada para o serviço devocional do Senhor por Srila Shukadeva Goswami. Verso 20 çriyaù patir yajïa-patiù prajä-patir Possa o Senhor Sri Krishna, que é o Senhor adorável de todos devotos, o protetor e glória de todos os reis tais quais Andhaka e Vrishni da dinastia Yadu, o esposo de todas deusas da fortuna, o diretor de todos sacrifícios e dessa forma o líder de todos seres vivos, o controlador de toda inteligência, o proprietário de todos planetas, espirituais e materiais, e a encarnação suprema sobre a Terra (o supremo de forma geral), ser misericordioso comigo. Iluminação de Srila Prabhupada: Porque Shukadeva Goswami é um dos gata-vyalikas proeminentes, que é livre de todos equívocos, ele assim expressa sua própria percepção realizada do Senhor Sri Krishna como a soma total de toda perfeição, a Personalidade de Deus. Todos procuram o favor da deusa da fortuna, porém as pessoas não sabem que o Senhor Sri Krishna é o esposo amado de todas deusas da fortuna. No Brahma-samhita está dito que o Senhor, em Sua morada transcendental Goloka Vrindavana, está acostumado a pastorear as vacas surabhi e é servido lá por centenas de milhares de deusas da fortuna. Todas essas deusas da fortuna são manifestações da Sua potência de prazer transcendental (hladini-sakti) em Sua energia interna, e quando o Senhor Se manifesta nesta Terra, Ele exibe parcialmente as atividades de Sua potência de prazer em Sua rasa-lila justamente para atrair as almas condicionadas, as quais estão atrás da potência de prazer fantasmagórica em prazer sexual degradado. Os devotos puros do Senhor tais quais Shukadeva Goswami, que era completamente desapegado da vida sexual abominável do mundo material, discutiu esse ato da potência de prazer do Senhor certamente não em relação a sexo, mas para saborear um gosto transcendental inconcebível para os mundanos que estão atrás de vida sexual. Vida sexual no mundo mundano é a causa raiz de ser condicionado pelas algemas da ilusão, e certamente Shukadeva Goswami nunca esteve interessado em vida sexual do mundo mundano. Nem a manifestação da potência de prazer do Senhor tem qualquer conexão com tais coisas degradadas. O Senhor Chaitanya era um sannyasi estrito, tanto que Ele não permitia qualquer mulher se aproximar Dele, nem mesmo para se prostar ou oferecer respeitos. Ele nem mesmo nunca ouviu as preces das deva-dasis oferecidas no templo de Jagannatha porque um sannyasi é proibido de ouvir canções cantadas pelo belo sexo. Mesmo assim na posição rígida de um sannyasi Ele recomendou o modo de adoração preferido pelas gopis de Vrindavana como o serviço amoroso mais elevado possível de ser prestado para o Senhor. E Srimati Radharani é a líder principal dessas deusas da fortuna, e por isso Ela é a consorte de prazer do Senhor e não é diferente de Krishna. Nos rituais Védicos existem recomendações para execução de diferentes tipos de sacrifício a fim de obter o benefício máximo na vida. Tais bênçãos como os resultados da realização de grandes sacrifícios são, depois de tudo, favores dados pela deusa da fortuna, e o Senhor, por ser o esposo ou amante da deusa da fortuna, é de fato o Senhor de todos sacrifícios também. Ele é o desfrutador final de todos tipos de yajña; por isso Yajña-pati é outro nome do Senhor Vishnu. Está recomendado no Bhagavad-gita que tudo seja feito para o Yajña-pati (yajñartat karmanah), porque de outra forma seus próprios atos serão a causa do condicionamento pela lei da natureza material. Aqueles que estão livres de todos equívocos (vyalikam) realizam sacrifícios para satisfazer os semideuses inferiores, porém os devotos do Senhor sabem muito bem que o Senhor Sri Krishna é o desfrutador supremo de todas realizações de sacrifício; por isso eles realizam o sankirtana-yajña (sravanam kirtanam visnoh (Bhag. 7.5.23)), que é especialmente recomendado nesta era de Kali. Em Kali-yuga, execução de outros tipos de sacrifício não é viável devido a arranjos insuficientes e sacerdócio inexperiente. Nós temos informação do Bhagavad-gita (3.10-11) que o Senhor Brahma, depois de dar renascimento para as almas condicionadas dentro do universo, as instruiu para executar sacrifícios e conduzir uma vida próspera. Com essas execuções de sacrifícios as almas condicionadas nunca ficarão em dificuldade na manutenção do corpo e alma juntos. Ultimamente elas podem purificar sua existência. Elas encontrarão promoção natural dentro da existência espiritual, a verdadeira identidade do ser vivo. A alma condicionada nunca deve abandonar a prática de sacrifício, caridade e austeridade, em quaisquer circunstâncias. O objetivo desses sacrifícios é satisfazer o Yajña-pati, a Personalidade de Deus; por isso o Senhor também é Praja-pati. De acordo com o Katha Upanishad, o único Senhor é o líder de inumeráveis seres vivos. Os seres vivos são mantidos pelo Senhor (eko bahunam yo vidadhati kaman). O Senhor é dessa forma chamado o supremo Bhuta-bhrt, ou mantenedor de todos seres vivos. Seres vivos são proporcionalmente dotados com inteligência em termos de suas atividades prévias. Todos seres vivos não são igualmente dotados com a mesma qualidade de inteligência porque atrás desse desenvolvimento da inteligência está o controle do Senhor, como declarado no Bhagavad-gita (15.15). Como o Paramatma, Superalma, o Senhor vive no coração de todos, e Dele somente o poder pessoal de alguém para lembrança, conhecimento e esquecimento segue (mattah smrtir jñanam apohanam ca). Uma pessoa pode nitidamente lembrar atividades passadas pela graça do Senhor enquanto outras não podem. Alguém é altamente inteligente pela graça do Senhor, alguém é um tolo pelo mesmo controle. Dessa forma o Senhor é Dhiyam-pati, ou o Senhor da inteligência. As almas condicionadas se esforçam para se tornarem senhoras do mundo material. Todos tentam dominar a natureza material por aplicar seu mais alto grau de inteligência. Esse mau uso da inteligência pela alma condicionada é chamado loucura. A inteligência plena de alguém tem que ser aplicada para ficar livre das garras materiais. Porém a alma condicionada, devido somente à loucura, engaja sua energia e inteligência plenas em prazer sensual, e para obter esse fim de vida comete de propósito todas sortes de delitos. O resultado é que em vez de alcançar uma vida incondicionada de liberdade plena, a alma condicionada enlouquecida fica enredada repetidamente em diferentes tipos de cativeiro dentro de corpos materiais. Tudo que vemos em manifestações materiais é apenas a criação do Senhor. Por isso Ele é o verdadeiro proprietário de tudo dentro dos universos. A alma condicionada pode desfrutar um fragmento desta criação material sob o controle do Senhor, porém não com auto-suficiência. Assim é a instrução do Ishopanishad. Deve-se ficar satisfeito com as coisas presenteadas pelo Senhor do universo. Somente por loucura que alguém tenta usurpar sobre a parte das posses materiais de outro. O Senhor do universo, por Sua misericórdia sem causa sobre as almas condicionadas, descende por Sua própria energia (atma-maya) para restabelecer a relação eterna das almas condicionadas com Ele. Ele instrui todos para se renderem a Ele em vez de falsamente alegarem ser desfrutadores por um certo limite sob Seu controle. Quando Ele assim descende, Ele prova o quanto maior é Sua habilidade de desfrutar, e Ele exibe Seu poder de desfrute (por exemplo) ao casar com dezesseis mil esposas ao mesmo tempo. A alma condicionada é muito orgulhosa de se tornar o esposo de mesmo só uma esposa, porém o Senhor sorri para isso; a pessoa inteligente pode saber quem é o verdadeiro esposo. De fato, o Senhor é o esposo de todas mulheres em Sua criação, porém uma alma condicionada sob o controle do Senhor se sente orgulhoso de ser o esposo de uma ou duas esposas. Todas essas qualificações como os diferentes tipos de pati mencionados neste verso são destinadas para o Senhor Sri Krishna, e Shukadeva Goswami mencionou especialmente o pati e gati da dinastia Yadu. Os membros da dinastia Yadu sabiam que o Senhor Sri Krishna é tudo, e todos eles tinham a intenção de retornar para o Senhor Krishna depois que Ele finalizasse Seus passatempos transcendentais na Terra. A dinastia Yadu foi aniquilada pela vontade do Senhor porque seus membros tinham que voltar para casa com o Senhor. A aniquilação da dinastia Yadu foi um show material criado pelo Supremo Senhor; de outra forma o Senhor e os membros da dinastia Yadu são associados eternos. O Senhor é dessa forma o guia de todos devotos, e assim, Shukadeva Goswami oferece a Ele devidos respeitos com sentimentos carregados de amor. Verso 21 yad-aìghry-abhidhyäna-samädhi-dhautayä É a Personalidade de Deus Sri Krishna quem dá liberação. Por pensar em Seus pés de lótus a cada segundo, por seguir os passos das autoridades, o devoto em transe pode ver a Verdade Absoluta. Os especuladores mentais estudados, entretanto, pensam Nele de acordo com seus caprichos. Que o Senhor fique satisfeito comigo. Iluminação de Srila Prabhupada: Os yogis místicos, depois de um esforço extenuante para controlar os sentidos, podem ficar situados num transe de yoga justamente para ter uma visão da Superalma dentro de todos, porém o devoto puro, simplesmente por lembrar os pés de lótus do Senhor a cada segundo, imediatamente fica estabelecido em transe real porque por essa realização sua mente e inteligência estão completamente limpas das doenças do desfrute material. O devoto puro se sente caído no oceano de nascimento e morte e ora incessantemente para o Senhor levantá-lo. Ele só aspira em se tornar uma partícula de poeira transcendental nos pés de lótus do Senhor. O devoto puro, pela graça do Senhor, perde absolutamente toda atração por prazer material, e para se manter livre da contaminação ele sempre pensa nos pés de lótus do Senhor. O Rei Kulashekhara, um grande devoto do Senhor, orou: kåñëa tvadéya-pada-paìkaja-païjaräntam (Mukunda-mālā-stotra 33) "Meu querido Senhor Krishna, eu oro para que o cisne da minha mente possa imediatamente afundar nos caules dos pés de lótus de Vossa Divindade e fique enroscado na rede deles; senão na hora da minha respiração final, quando minha garganta estiver engasgada com tosse, como será possível pensar em Você"? Há uma relação íntima entre o cisne e o caule do lótus. Por isso a comparação é bem apropriada: sem se tornar um cisne, ou paramahamsa, não se pode entrar dentro da rede dos pés de lótus do Senhor. Como está afirmado no Brahma-samhita, os especuladores mentais, mesmo por mérito de erudição acadêmica, não podem nem mesmo sonhar com a Verdade Absoluta por especular sobre isso pela eternidade. O Senhor reserva o direito de não Se expor para tais especuladores mentais. E porque eles não podem entrar dentro da rede de caules do caule de lótus do Senhor, todos especuladores materiais diferem em conclusões, e no fim eles fazem um comprometimento inútil por dizer, "tantas conclusões, tantos caminhos", de acordo com sua própria inclinação (yatah-rucam). Porém o Senhor não é igual um lojista que tenta satisfazer todos tipos de clientes no intercâmbio de especuladores mentais. O Senhor é o que Ele é, a Personalidade de Deus Absoluta, e Ele demanda rendição absoluta a Ele somente. O devoto puro, entretanto, por seguir os caminhos dos acharyas prévios, ou autoridades, pode ver o Supremo Senhor através do meio transparente do mestre espiritual fidedigno (anupasyanti). O devoto puro nunca tenta ver o Senhor por especulação mental, mas por seguir os passos dos acaryas (mahajano yena gatah sa panthat (Cc. Madhya 17.186)). Por isso não existe nenhuma diferença de conclusões entre os acaryas Vaishnava em relação ao Senhor e Seus devotos. O Senhor Chaitanya afirma que o ser vivo (jiva) é eternamente o servidor do Senhor e que ele é simultaneamente uno e diferente do Senhor. Esse tattva do Senhor Chaitanya é compartilhado por todas quatro sampradayas da escola Vaishnava (todas aceitam servidão eterna para o Senhor mesmo depois da salvação), e não existe nenhum acarya Vaishnava autorizado que possa pensar no Senhor e ele como unos. Essa humildade do devoto puro, que está cem por cento dedicado em Seu serviço, põe o devoto sincero do Senhor num transe pelo qual para realizar tudo, porque para o devoto sincero do Senhor, o Senhor Se revela, como afirmado no Bhagavad-gita (10.10). O Senhor, por ser o Senhor da inteligência dentro de todos (mesmo no não devoto), favorece Seu devoto com inteligência apropriada para que automaticamente o devoto puro fique iluminado com a verdade de fato sobre o Senhor e Suas diferentes energias. O Senhor não é revelado pelo poder especulativo de alguém ou pelo malabarismo verbal de alguém sobre a Verdade Absoluta. Em vez disso, Ele Se revela para um devoto quando Ele fica plenamente satisfeito pela atitude de serviço do devoto. Shukadeva Goswami não é um especulador mental ou comprometido com a teoria de "tantos caminhos, tantas conclusões". Em vez disso, ele ora para o Senhor somente, por invocar Seu prazer transcendental. Assim é o caminho para conhecer o Senhor. Verso 22 pracoditä yena purä sarasvaté Que o Senhor, aquele que no início da criação amplificou o conhecimento potente de Brahma de dentro do coração dele e o inspirou com conhecimento pleno da criação e do Seu próprio Eu, e o qual pareceu ser gerado da boca de Brahma, possa ficar satisfeito comigo. Iluminação de Srila Prabhupada: Como nós já discutimos aqui antes, o Senhor, como a Superalma de todos seres vivos desde Brahma até a formiga insignificante, dota todos com o conhecimento potente requerido em cada ser vivo. Um ser vivo é suficientemente potente para possuir o conhecimento do Senhor em proporção de cinqüenta e sessenta e quatro avos, ou setenta e oito por cento do conhecimento pleno adquirível. Porque o ser vivo é constitucionalmente parte e parcela do Senhor, ele é incapaz de assimilar todo o conhecimento que o Senhor possui Ele mesmo. No estado condicionado, o ser vivo é sujeito a esquecer tudo depois de uma mudança de corpo conhecida como morte. Esse conhecimento potente é novamente inspirado pelo Senhor de dentro do coração de cada ser vivo, e é conhecido como o despertar do conhecimento, porque é comparável ao despertar do sono ou inconsciência. Esse despertar do conhecimento está sob o controle pleno do Senhor, e por isso nós encontramos no mundo prático diferentes graduações de conhecimento em diferentes pessoas. Esse despertar do conhecimento não é uma interação nem automática nem material. A fonte de fornecimento é o Senhor Ele mesmo (dhiyam patih) porque até mesmo Brahma também é sujeito a esse regulamento do criador supremo. No começo da criação, Brahma nasce primeiro de nenhum pai nem nenhuma mãe porque antes de Brahma não havia nenhum outro ser vivo. Brahma nasce do lótus que cresce do abdômen de Garbhodakashayi Vishnu, e por isso ele é conhecido como Aja. Esse Brahma, ou Aja, também é um ser vivo, parte e parcela do Senhor, porém por ser o devoto mais piedoso do Senhor, Brahma é inspirado pelo Senhor para criar, subseqüente à criação principal pelo Senhor, através da agência da natureza material. Por isso nem a natureza material nem Brahma são independentes do Senhor. Os cientistas materiais podem meramente observar as reações da natureza material sem entender a direção por trás dessas atividades, igual uma criança possa ver a ação da eletricidade sem nenhum conhecimento sobre o engenheiro da usina de força. Esse conhecimento imperfeito do cientista material é devido a um pobre fundo de conhecimento. O conhecimento Védico foi dessa forma primeiramente impregnado dentro de Brahma, e parece que Brahma distribuiu o conhecimento Védico. Brahma é indubitavelmente o orador do conhecimento Védico, porém na realidade ele foi inspirado pelo Senhor para receber esse conhecimento transcendental, como ele descende diretamente do Senhor. Os Vedas são dessa forma chamados apauruseya, ou não transmitidos por nenhum ser criado. Antes da criação o Senhor estava lá (narayana paro 'vyaktat), e por isso as palavras faladas pelo Senhor são vibrações de som transcendental. Existe um abismo de diferença entre as duas qualidades de som, a saber, prakrta e aprakrta. O físico pode lidar apenas com o som prakrta, ou o som vibrado no céu material, e por isso nós devemos saber que os sons Védicos gravados em expressões simbólicas não podem ser entendidos por qualquer um dentro do universo a menos e até que seja inspirado pela vibração do som sobrenatural (aprakrta), que descende na corrente de sucessão discipular do Senhor para Brahma, de Brahma para Narada, de Narada para Vyasa e assim por diante. Nenhum erudito mundano pode traduzir ou revelar o significado verdadeiro dos mantras Védicos (hinos). Eles não podem ser entendidos a menos que alguém seja inspirado ou iniciado pelo mestre espiritual autorizado. O mestre espiritual original é o Senhor Ele mesmo, e a sucessão vem para baixo através das fontes do parampara, como claramente afirmado no Quarto Capítulo do Bhagavad-gita. Por isso a menos que alguém receba o conhecimento transcendental do parampara autorizado, deve ser considerado inútil (viphala matah), mesmo embora alguém possa ser altamente qualificado em avanços mundanos de artes e ciência. Shukadeva Goswami ora para o Senhor pelo fato de ser inspirado dentro de si pelo Senhor tanto que ele podia explicar corretamente os fatos e figuras da criação como perguntado por Maharaja Parikshit. Um mestre espiritual não é um especulador teórico, igual o erudito mundano, mas é srotriyam brahma-nistham (Mundaka Upanishad 1.2.12). Verso 23 bhütair mahadbhir ya imäù puro vibhur Que a Suprema Personalidade de Deus, aquele que anima os corpos criados materialmente dos elementos por Se deitar dentro do universo, e aquele que em Sua encarnação purusa causa o ser vivo ficar sujeito às dezesseis divisões dos modos materiais que são o gerador dele, possa ficar satisfeito para ornamentar minhas declarações. Iluminação de Srila Prabhupada: Porque era um devoto plenamente dependente, Shukadeva Goswami (diferente de uma pessoa mundana que é orgulhosa de sua própria capacidade) invoca o prazer da Personalidade de Deus para que suas declarações possam ser bem sucedidas e apreciadas pelos ouvintes. O devoto sempre pensa em si mesmo como instrumental para qualquer coisa realizada com sucesso, e ele recusa receber o crédito de qualquer coisa feita por ele. O ateísta sem Deus quer receber todo crédito por atividades, sem saber que mesmo uma folha de grama não pode mover sem a sanção do Espírito Supremo, a Personalidade de Deus. Shukadeva Goswami por isso quer se mover pela direção do Supremo Senhor, o qual inspirou Brahma para falar a sabedoria Védica. As verdades descritas nas literaturas Védicas não são teorias da imaginação mundana, nem são ficção, o que a classe de pessoas menos inteligentes às vezes acha. As verdades Védicas são todas descrições perfeitas da verdade de fato sem nenhum engano ou ilusão, e Shukadeva Goswami quer apresentar as verdades da criação não como uma teoria metafísica ou especulação filosófica, mas como fatos e figuras reais da matéria, porque seria ditado para ele pelo Senhor exatamente da mesma maneira que Brahmaji foi inspirado. Como afirmado no Bhagavad-gita (15.15), o Senhor é Ele mesmo o pai do conhecimento Vedanta, e é somente Ele que conhece o significado de fato da filosofia Vedanta. Por isso não existe verdade maior do que os princípios da religião mencionados nos Vedas. Esse conhecimento Védico ou religião é disseminado por autoridades iguais Shukadeva Goswami porque ele é um humilde servidor devocional do Senhor que não tem nenhum desejo de se tornar um intérprete autoindicado sem autoridade. Esse é o caminho para explicar o conhecimento Védico, tecnicamente conhecido como sistema parampara, ou processo descendente. A pessoa inteligente pode ver sem engano que qualquer criação material (seja seu próprio corpo ou uma fruta ou flor) não pode crescer belamente sem o toque espiritual. A pessoa mais inteligente do mundo ou a maior pessoa da ciência pode apresentar tudo muito belamente somente na medida em que o espírito da vida esteja ali ou na medida em que o toque espiritual esteja ali. Por isso a fonte de todas verdades é o Espírito Supremo, e não matéria grosseira como concebido erroneamente pelo materialista grosseiro. Nós obtemos informação da literatura Védica que o Senhor Ele mesmo primeiro entrou no vácuo do universo material, e assim todas coisas desenvolveram gradualmente uma depois da outra. Similarmente, o Senhor está situado como Paramatma localizado dentro de cada ser individual; e então tudo é feito por Ele muito belamente. Os dezesseis elementos criativos principais, a saber, terra, água, fogo, ar, céu, e os onze órgãos sensuais, primeiro se desenvolvem do próprio Senhor Ele mesmo e assim foram compartilhados pelos seres vivos. Assim os elementos materiais foram criados para o desfrute dos seres vivos. O belo arranjo atrás de todas manifestações materiais é assim feito possível pela energia do Senhor, e o ser vivo individual apenas pode rezar para o Senhor para entender isso apropriadamente. Porque o Senhor é a entidade suprema, diferente de Shukadeva Goswami, a prece pode ser oferecida a Ele. O Senhor ajuda o ser vivo a desfrutar a criação material, porém Ele é indiferente a esse desfrute falso. Shukadeva ora pela misericórdia do Senhor, não somente para ser ajudado pessoalmente em apresentar a verdade, mas também para ajudar outros para quem ele gostaria de falar. Verso 24 namas tasmai bhagavate Eu ofereço minhas respeitosas reverências a Srila Vyasadeva, a encarnação de Vasudeva quem compilou as escrituras Védicas. Os devotos puros bebem o conhecimento transcendental nectáreo derramado pela boca do Senhor que é como o lótus. Iluminação de Srila Prabhupada: Em cumprimento da declaração específica vedhase, ou "o compilador do sistema de conhecimento transcendental", Srila Shridhara Swami comentou que as respeitosas reverências são oferecidas para Srila Vyasadeva, que é a encarnação de Vasudeva. Srila Jiva Goswami concordou com isso, porém Srila Visvanatha Chakravarti Thakura fez um avanço adiante, a saber, que o néctar da boca do Senhor Krishna é transferido para Suas diferentes consortes, e assim elas aprendem as belas artes de música, dança, figurino, decorações e todos esses tipos de coisas que são apreciadas pelo Senhor. Essa música, dança e decorações apreciadas pelo Senhor com certeza não são nada mundano, porque o Senhor é chamado desde o próprio começo como para, ou transcendental. Esse conhecimento transcendental é desconhecido para as almas condicionadas esquecidas. Srila Vyasadeva, quem é a encarnação do Senhor, assim compilou as literaturas Védicas para reviver a memória perdida das almas condicionadas sobre sua relação eterna com o Senhor. Deve-se por isso tentar entender as escrituras Védicas, ou o néctar transferido pelo Senhor para Suas consortes em humor conjugal, da boca que é como o lótus de Vyasadeva e Shukadeva. Pelo desenvolvimento gradual do conhecimento transcendental, pode-se elevar para o estágio das artes transcendentais da música e dança exibidas pelo Senhor em Sua rasa-lila. Porém sem ter o conhecimento Védico alguém pode dificilmente entender a natureza transcendental da dança rasa e música do Senhor. Os devotos puros do Senhor, entretanto, podem igualmente saborear o néctar na forma de discursos filosóficos profundos e na forma de beijar pelo Senhor na dança rasa, do mesmo modo que não há nenhuma distinção mundana entre os dois. Verso 25 etad evätma-bhü räjan Meu querido Rei, Brahma, o primeiro nascido, ao ser questionado por Narada, exatamente o informou nessa matéria, como foi falada diretamente pelo Senhor para Seu próprio filho, o qual estava impregnado com conhecimento Védico desde o início de seu nascimento. Iluminação de Srila Prabhupada: Logo que Brahma nasceu nas pétalas do lótus abdominal de Vishnu, ele estava impregnado com conhecimento Védico, e por isso ele é conhecido como veda-garbha, ou um Vedantista desde o embrião. Sem conhecimento Védico, ou conhecimento perfeito, infalível, ninguém pode criar nada. Todo conhecimento científico e conhecimento perfeito são Védicos. Pode-se obter todos tipos de informação dos Vedas, e assim, Brahma estava impregnado com conhecimento todo-perfeito tanto que foi possível para ele criar. Assim Brahma sabia a descrição perfeita da criação, como foi exatamente informada para ele pelo Supremo Senhor Hari. Brahma ao ser questionado por Narada, disse para Narada exatamente o que ele ouviu diretamente do Senhor. Narada novamente disse exatamente a mesma coisa para Vyasa, e Vyasa também disse para Shukadeva exatamente o que ele ouviu de Narada. E Shukadeva iria repetir as mesmas declarações do mesmo modo que ele as ouviu de Vyasa. Esse é o caminho do entendimento Védico. A linguagem dos Vedas só pode ser revelada pela sucessão discipular mencionada acima, e de nenhuma outra forma. Não há nenhuma utilidade em teorias. Conhecimento tem que ser factual. Existem muitas coisas que são complicadas, e não se pode entendê-las a menos que sejam explicadas por aquele que conhece. O conhecimento Védico também é muito difícil para conhecer e deve ser aprendido pelo sistema mencionado acima, de outra forma não é compreensível de jeito nenhum. Shukadeva Goswami, por isso, ora pela misericórdia do Senhor para que ele possa ser capaz de repetir a mesma mensagem que foi falada diretamente pelo Senhor para Brahma, ou que foi falada diretamente por Brahma para Narada. Por isso as declarações da criação explicadas por Shukadeva Goswami não são de jeito nenhum, como os mundanos sugerem, teóricas, porém estão perfeitamente corretas. Aquele que ouve estas mensagens e tenta assimilá-las obtém informação perfeita da criação material. Assim terminam os significados Bhaktivedanta do Segundo Canto, Quarto Capítulo, do Srimad Bhagavatam, intitulado "O Processo da Criação".
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Desde 18/julho/2000 (Última Edição: 20-jul-2025 ) |